
Livro: "A Essência da Iluminação" by James Swartz


Capitulo 3 by James Swartz
EXPERIÊNCIA E CONHECIMENTO
Introdução do Capitulo1– Duas Visões sobre a Iluminação
Porque acreditamos na realidade experiencial, procuramos uma iluminação experiencial. O Vedanta afirma que a realidade é não-dual.
As pessoas sofrem porque estão continuamente em desacordo com a natureza da realidade. Vedanta é um meio de conhecimento que remove o sofrimento existencial, nos ensinando a investigar a realidade de tal forma que descobrimos nossa não-separação dela. Não-separação da realidade equivale à felicidade duradoura, o diamante na poeira da experiência. A felicidade é constante quando, através das profundas investigações do Vedanta, vemos claramente que não precisamos de nada do mundo para nos completar.
A primeira investigação nos convence de que a alegria que buscamos nos objetos não vem deles, mas de dentro de nós mesmos. Essa compreensão nos liberta da necessidade de ir atrás dos objetos. Objeto é qualquer coisa que não seja eu. Mas qual é a natureza dessa alegria, dessa liberdade que está em mim, que sou eu? Ela vem na forma de alguma experiência especial ou é acessível somente através do conhecimento do Ser?
A visão experiencial ... de que a iluminação é uma experiência especial, diferente do que estou experimentando nesse momento... está baseada na idéia de que a realidade é uma dualidade.
O Vedanta discorda e diz que a realidade é a Consciência não-dual. Isso se apresenta como um problema real, porque nos parece que experienciamos a realidade como dualidade. Dualidade significa assumir que a distinção entre ‘eu’ e o mundo é real e não aparente. Quando investigamos adequadamente, usando a metodologia comprovada do Vedanta, descobrimos que a dualidade é o resultado de uma falsa percepção e que a realidade... a vida... é na verdade não-dual. Nada está separado de mim.
Como estamos presos em uma falsa percepção da realidade, estamos sujeitos a aceitar a noção experiencial de iluminação. De acordo com essa teoria, uma experiência não-dual permanente, que apague a separação entre eu e os objetos, no mundo interno e externo, pode ser obtida de várias maneiras.
Aceitamos essa visão porque aqueles que nos deram as dicas sobre a natureza da iluminação, os que tiveram a chamada experiência de não-dualidade, não examinaram sua experiência corretamente. Eles tomaram a aparência de suas experiências como sendo a verdade, pois não compreendiam a natureza fundamental da entidade experienciadora e a natureza da experiência em si.
Quando você se vê como entidade experienciadora e tem essas epifanias, samadhis, satoris, etc, você se sente feliz, ilimitado, livre, um com o todo. Há uma sensação de fusão com algo belo e transcendente, um sentimento de amor incondicional, de permanência e leveza, de unidade e plenitude. Quase todas as pessoas espiritualizadas tiveram tais experiências, vez ou outra. Há vasta literatura sobre isso, desde o famoso experimento de Ramana Maharshi até o bizarro e lindamente narrado caso de Wren-Lewis.
O problema com a teoria experiencial da iluminação é que enquanto a experiência em si é constante, as experiências específicas não são e não estão no controle do indivíduo. Elas são produzidas por essa miríade de fatores em eterna mudança no vasto campo da existência. Nós queremos ter controle sobre o que experimentamos, mas não temos. Quem tem é a força por trás desse campo.
Uma experiência não-dual ocorre quando a mente se torna particularmente calma e a Consciência é nela refletida. O porque da mente entrar no modo não-dual ninguém sabe. Assim como você não pode gerar raiva quando está feliz, também não pode gerar epifanias quando quer. Mesmo meditadores experientes não podem produzí-las, embora elas tendam a acontecer com mais frequência para aqueles que têm uma prática espiritual... mas nem sempre. A experiência acontece
A visão experiencial da iluminação é baseada na idéia de que a realidade é uma dualidade Qual é o problema com a visão experiencial? Se a realidade é a Consciência não-dual, como afirma o Vedanta, a distinção entre você e o que você experiencia não existe. Se isso for verdade e a plenitude for a natureza da Consciência, do Ser, então tudo que você experiencia nesse momento é você. A cadeira em que está sentado é você. A luz na sala é você. O pensamento em sua mente é você. O homem do outro lado da rua é você. A paz silenciosa que sente na meditação é você.
Se isso é verdade, por que eu iria querer uma experiência especial? Eu quero a experiência da unidade porque não sei o que é o Ser... ou usando uma terminologia mais popular, não sei quem sou eu. Portanto, se quero me libertar das limitações aparentes impostas pela sempre mutável matriz da experiência, devo procurar entender a natureza da realidade, que é de fato eterna, embora as aparências indiquem o contrário, e que é minha natureza mais íntima. Quando é que você não está experienciando a si mesmo? Nunca, porque o Ser é a Consciência e Consciência é tudo que há. Portanto, se quero a iluminação... liberdade do senso de limitação imposto pela crença de que estou separado dos objetos que experiencio... meu problema não é a experiência, mas sim a falta de conhecimento.
Muitos professores vendem a noção experiencial de iluminação. Kundalini Yoga é um bom exemplo. De acordo com essa idéia, você deve gerar a união de uma enorme experiência não-dual cósmica com a Consciência, executando certas ações. Mas se eu já sou a Consciência, não há nada que possa ser feito para obter aquilo que já possuo. As ações só servem para conseguir algo que não tenho ou para me livrar de algo que tenho.
Como posso obter a mim mesmo? Eu estava conversando com Deus outro dia. Nós temos uma relação que vem bem lá de trás. Eu disse “Sei de algo que você não pode fazer”. Deus olhou pra mim e falou, “Ei, você não sabe com quem tá falando?” “Sei”, eu falei, “mas vou mostrar que você não é tão poderoso o quanto afirma.” Como Deus não é passional, ele não ficou chateado e falou “Ok, vamos ouvir o que você tem a dizer.” Eu disse “ Me dê uma cabeça sobre os ombros.” Deus ficou confuso e disse, “Eu posso reduzir sua cabeça até o tamanho de uma ervilha. Posso aumentá-la até o tamanho de um balão. Posso achatá-la como uma panqueca ou torcê-la como um pretzel. Mas não posso colocar uma cabeça sobre seus ombros porque você já tem uma!” Então o problema da unidade, da plenitude, da felicidade, só pode ser resolvido através do conhecimento. Nenhuma ação pode produzir a iluminação.
O Vedanta afirma que você já é e sempre foi livre e está se experienciando 24 horas por dia, sete dias por semana. Portanto se você está atrás dessa coisa chamada Ser, como irá encontrá-lo? Pessoas normais não procuram a si mesmas, porque acreditam que sabem quem são. Infelizmente, o Ser que elas acham que são não é o Ser real. Mas os tipos espirituais sabem que não são quem acham que são. Eles buscam descobrir quem realmente são..
